quinta-feira, 15 de julho de 2010

Caso proibitivo

1. Caso proibitivo




Não pode ocorrer Crase:

a) Antes de palavras masculinas
Exemplo: Não me dirigi a Paulo.

Passei horas a fio conversando com ela.

Passei a pé, mas voltei a cavalo.

Observação:

O A recebe o acento indicativo de crase, mesmo antes da palavra masculina, quando se puder subentender expressão como À MODA DE, À MANEIRA DE, À FEICÃO DE, já que, por braquilogia, só se diz À.

Exemplos: Ele escreve à Machado de Assis; com elegância e naturalidade.

Entende-se:

Ele escreve à (maneira de) Machado de Assis, com...

Não gosto de couve à mineira.

Isto é:

Não gosto de couve à (moda) mineira.

b) Antes de verbo no Infinitivo

Exemplos: Encontrei-o a ler o jornal.

Concitei-a a dizer a verdade.

Observação: O a antes do verbo, nesse caso, é só preposição.

c) Antes de pronomes: pessoais, indefinidos, de tratamento e dos demonstrativos Esta(s) Essa(s)

Exemplo: Não me refiro a você nem a ela.

Darei um Premio a cada aluna.

Não me dirijo a qualquer pessoa.

Não anui a essa proposta.

Observações: pode ocorrer crase antes dos pronomes de tratamento senhora e senhorita.

Exemplo: A carta não era endereçada à senhora.

O pedido foi encaminhado à senhorita Mariana.

Antes do pronome de tratamento DONA, o uso não tem sido uniforme, embora a tendência da maioria dos bons autores, parece, seja a de não empregar a crase.

Exemplos: “Mendonça lembrou-se de contar a Dona Antonia a cena da véspera.” (Machado de Assis)

“... para deixar na Feitosa os seus bilhetes de pêsames à bela viúva, a Dona Ana.” (Eca Queiroz)

Com pronomes demonstrativos a (as) AQUELE, AQUELA, AQUILO (e variações) pode ocorres crase.

Exemplo: Não me referi a essa aluna, mas à que estava de azul. (à que = àquela que)

É tarefa reservada ÀQUELES que pensam.

d) No a Expressão de Palavras Repetidas

Exemplos: O liquido caia a gota.

Os inimigos se encontram face a face

e) Antes da palavra TERRA que signifique o antônimo de BORDO

Exemplo: Os marinheiros não estavam a bordo; foram a terra.

Observação: Nos demais sentidos, com a palavra TERRA poderá ocorrer crase.

Exemplo: Morreu sem voltar à terra natal.

f) No a (sem s) que anteceda palavra no plural

Exemplo: Fiz referencia a alunas dessa turma.

g) Antes de pronomes relativos

Exemplos: As telas a que aludi estão bem guardadas.

Há mestres a cuja inteligência me curvo.

A moça a quem me apresentou ontem, não esta aqui.

Observação: poderá ocorrer crases com os relativos À QUAL e ÀS QUAIS, e antes do relativo QUE quando precedido de a (s), significando AQUELA (s) que.

Exemplo: São reuniões às quais nunca comparecerei.

Não opus embargos a essa pretensão, mas às que (=àqueles que) me pareceram absurdas.

h) Antes da palavra CASA empregada no sentido moral, isto é, quando significa LAR, RESIDÊNCIA, MORADIA do sujeito da oração.

Exemplo: Eu me dirigia a casa quando me senti mal.

Fui a casa, troquei de roupa e sai logo.

Observação: quando a palavra CASA é empregada no sentido material, isto é, quando designa a construção em si, o prédio, poderá ocorrer crase.

Exemplo: Fui à casa que estamos construído na praia.

i) Antes da palavra DISTÂNCIA que não esteja determinada

Exemplo: O navio ficou a distancia.

Observação: se, porém, a palavra DISTANCIA estiver determinada, poderá ocorrer crase.

Exemplo: A casa ficava à distancia de quinhentos metros.

Encontrei-o à distancia de que lhe falei.

j) Antes de expressão NOSSA SENHORA e dos nomes de SANTAS

Exemplo: Em preces fervorosas, pedi a Nossa Senhora que intercedesse junto a seu filho, Nosso Senhor Jesus Cristo.

Rogava a Santa Lusia a graça de voltar a ver.

Observação: Antes das expressões VIRGEM SANTA, VIRGEM SANTISSIMA poderá ocorrer crase.

Exemplo: Em preces fervorosas, pedia à Virgem Santíssima que intercedesse junto a seu filho, Nosso Senhor Jesus Cristo.

k) Antes de substantivos que sirvam de complemento aos verbos SABER, SOAR e CHEIRAR, quando indicam qualidade semelhante às de outro ser

Exemplos: Isto me cheira a intriga.

O café sabia a palha.

Os seus murmúrios me soavam a trovoada.





2. Casos obrigatórios




Haverá necessariamente Crase:


a) Nas locuções Adverbiais Femininas, plural (às claras, às tontas, às escuras, às pressas etc.)


Exemplos: caminhava às tontas, sem rumo certo.


Observação: nas locuções adverbiais femininas, do singular, ocorrerá, ou não, a crase, dependendo da locução.


Exemplo: Andávamos à toa, sem rumo certo.


Saímos à pressa (ou às pressas).


b) Nas locuções prepositivas e nas locuções conjuntivas com substantivos femininos.


1) Locuções prepositivas (à força de; à custa de; à maneira de; à moda de).


Exemplo: À força de tais argumentos, não resistiu.


2) Locuções conjuntivas (à medida que; à proporção que)


Exemplos: À medida que envelhece, fica mais suave.


c) Na expressão à uma significando AO MESMO TEMPO, de uma só vez


Exemplo: As andorinhas, à uma, deixavam os beirais da casa.


d) Antes da palavra HORA (expressa ou oculta) quando significa um momento determinado


Exemplo: ÀS duas horas em ponto estaremos lá.


Sai à uma e só voltei às dez da noite.


Observação: se a palavra HORA apenas significa o lapso de tempo, poderá não ocorrer crase.


Exemplo: Daqui a uma hora estaremos lá.


As duas horas de viagem passarão sem sentir.



3. Casos facultativos



a) Depois da preposição ATÈ


Exemplos: “levei-o até a escada.”


(Machados de Assis)


“... o suficiente para viver até Às primeiras colheitas.


(Herculano)


Fui até à cidade mais próxima.


Observação: se até for palavra denotativa de inclusão (= inclusive), não haverá crase.


Exemplos: Todos vieram até a (ou à) sala (preposição: facultativo)

Até a sala era pintada de branco (denotativo: proibitivo)


b) Antes de pronomes possessivos femininos, do singular


Exemplos: "... e se firmou na resolução de obedecer à sua mãe."


(Garret)


“peço-lhe que apresente meus respeitos à sua esposa e à sua mãe, e vivos carinhos aos filhos.” (Machado de Assis)


Falei a (ou à) sua secretária sobre o assunto.


Observação: na ausência do substantivo, a crase é obrigatória antes do possessivo feminino.


Exemplo: O professor não fez referência a (ou à) minha prova, mas à tua.


c) Antes dos topônimos França, Espanha, Inglaterra e África


Exemplo: Vou a (ou à) França.


Anualmente, íamos a (ou à) Espanha.


Este ano, devemos ir a (ou à) Inglaterra.


Dirigíamo-nos a (ou à) África para caçar leões.


Observação: o uso arbitrário do artigo, sobretudo nos autores mais antigos, estendia-se a outros nomes de lugar. A tendência moderna, contudo, vai restringindo essa prática que, parece, hoje se limita aos quatro nomes acima referidos, e assim mesmo em caso indiscutivelmente raros.


d) Antes de nomes próprios personativos, femininos


Exemplos: Em sua carta, você se referiu a (ou à) Helena com certa simpatia.


e) Antes da palavra CASA quando modificada por expressão possessiva


Exemplo: Fui ontem a (ou à) casa do meu irmão.


f) Locuções adverbiais


Em certas locuções adverbiais, sobretudo as de instrumentos ou meio, o uso tem sido arbitrário e até polêmico, admitindo, talvez, dizer que nesses casos seria facultativo o emprego do acento grave indicativo de crase. Contudo, a tendência moderna é não crasear. Assim, se o examinador não deixar entrever sua opinião, o aluno deve preferir não empregar a crase.


Exemplos:Escrever a máquina.


Escreve a tinta.


Escrever a mão.


Observação: o acento grave com que, às vezes, se marcam essas locuções nem sempre pode ser chamado de CRASE, pois que, em alguns casos, serve apenas para evitar a ambiguidade, ou mesmo atender à analogia ou a tendências históricas da língua.



4. Dois artifícios para determinar se ocorrer a crase



a) substitui-se a palavra feminina por palavra masculina. Ocorrendo, com esta, combinação AO ou AOS (preposição A + artigo definido ou pronome demonstrativo O ou OS) é porque com aquela, a feminina, estará, nas mesmas condições, ocorrendo CRASE.


Assim:


Fui a (?) praia.


Substituindo:


Fui ao baile.


Logo,


Fui à praia.


Não me refiro a (?) esta aluna, mas a (?) que me procurou ontem.


Substituindo:


Não me refiro a este aluno, mas ao que me procurou ontem.


Logo,


Não me refiro a este aluno, mas à que me procurou ontem.


b) substitui-se o verbo que pede preposição a por outro que peça preposição de.


Se ocorre com este combinação da ou das (DE + A ou AS), é porque com aquele, o que pede preposição a, está ocorrendo CRASE, contração de a, com a ou as, artigo definido ou pronome demonstrativo. Este artifício é útil sobretudo com os nomes de lugar.


Assim:


Fui a (?) Bahia e a (?) Brasília.


Substituindo:


Vim da Bahia e de Brasília.


Logo,


Fui à Bahia e a Brasília.

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